Desfragmentar um disco SSD: Sim ou Não?
No que respeita ao disco rígido e à importância deste para o sistema operativo, a desfragmentação é uma das técnicas mais antigas e mais eficientes para se alcançar o objetivo do desempenho superior.
Mas e quanto aos discos SSD? Deve-se proceder do mesmo modo?
Vamos começar por ver o que é a fragmentação.
De forma básica, a fragmentação ocorre quando um determinado ficheiro no disco acaba sendo distribuído por diferentes sectores (o que se encontra no prato dos discos). Os discos mecânicos lêem os dados de forma sequencial, pelo que a divisão em diferentes partes leva a um maior “esforço” da cabeça de leitura do disco a percorrer o prato.
Com uma fragmentação elevada, o disco necessita de procurar em mais sectores pelas “partes” desse ficheiro, levando ao atraso no acesso do mesmo e, consequentemente, ao fraco desempenho. Se tivermos em conta que existem milhares de ficheiros no sistema, e milhares de sectores, isto pode levar a uma perda considerável quando tudo é conjugado. Quanto menos fragmentado estiver o disco, mais rápido será o acesso aos ficheiros e, consequentemente, maior o desempenho geral do sistema.
A desfragmentação consiste em “reunir” essas partes, colocando-as de forma o mais seguida possível, o que se traduz em menos movimentação da cabeça do disco e no mais rápido acesso. As diferentes partes são movidas dentro do disco para que sejam colocadas o mais sequencialmente possível.
> Mas então e os discos SSD?
Isto foi a regra geral (e ainda é) com qualquer disco mecânicos. Mas a popularidade do SSD faz com que alguns utilizadores ainda pensem que a fragmentação é algo a ter em conta no desempenho do sistema.
Ao contrário dos discos mecânicos, um SSD consiste em memória flash.
Os dados num disco mecânicos são lidos de forma sequencial, estando dependentes da cabeça de leitura do disco e da movimentação desta. Nos discos SSD, não existem peças mecânicos, sendo utilizada memória flash.
Não existem peças mecânicas para procurar os dados, o que se traduz numa velocidade de acesso praticamente instantânea (ou bastante reduzida) aos dados, sendo a única limitação o facto de esta memória possuir um número especifico de ciclos para a sua escrita, que vai reduzindo com o tempo e conforme a utilização dada ao disco SSD.
Ou seja, quanto mais dados forem escritos no disco, menos será a vida útil da memória (e consequentemente do disco SSD).
> Puff, chega de explicação… O que isso importa?
É no que respeita à vida útil dos discos SSD e das memórias Flash que a desfragmentação possui impacto.
O processo de desfragmentação, conforme referido anteriormente, consiste em rescrever os diferentes dados no disco de forma sequencial. Com um disco mecânico, isto não causa grande impacto na vida útil do mesmo. Mas nas memórias flash (ou seja, em SSD’s), contribui para o desgaste da mesma e, portanto, para a sua redução da vida útil.
Tendo em conta que os ficheiros podem possuir milhares de partes, e existem ainda mais milhares de ficheiros, a desfragmentação de um disco SSD leva a um desgaste elevado nos ciclos de escrita e com poucas vantagens.
> Mas compensa desfragmentar o SSD pelo desempenho?
Não. Um disco SSD não vai ficar consideravelmente mais rápido por ser desfragmentado.
Como não existem partes móveis no disco, a desfragmentação de um SSD não contribui para qualquer benefício no desempenho. O facto de um ficheiro estar fragmentado em milhares de partes não possui impacto para o desempenho final no acesso ao mesmo, já que o acesso a esses dados é processado por electricidade, não por algo “fisico” como a cabeça de leitura.
A verificar-se alguma melhoria, seria bastante reduzida, e que não compensaria os ciclos perdidos na escrita dos dados e, consequentemente, na vida útil do disco.
> Ok, o que devo fazer então?
TRIM!
O TRIM encontra-se suportado em qualquer disco de memória flash, sendo que consiste numa funcionalidade que permite ao sistema operativo informar quais as partes do disco que podem ser “limpas” internamente.
Esta medida pode melhorar o desempenho geral do disco, sem comprometer a vida útil do mesmo (pelo menos de forma significativa).
O TRIM é suportado em qualquer disco SSD e de forma nativa em qualquer versão do Windows 7 ou superior (bem como no Linux e macOS). Portanto apenas será necessário utilizar o desfragmentador do Windows, sendo que este irá detetar automaticamente o disco SSD e aplicar a técnica de TRIM no mesmo.
> Muito texto… Afinal devo desfragmentar ou não?
Não. Apenas utilizar o TRIM.
Costumava desfragmentar o seu SSD?
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