Aquisição da ExpressVPN levanta questões sobre privacidade dos utilizadores
A ExpressVPN é uma das plataformas de VPN online mais conhecidas, contando com milhares de utilizadores em todo o mundo. No entanto, uma recente mudança de gestão da empresa veio levantar algumas questões relacionadas com privacidade.
A ExpressVPN revelou ter sido adquirida pela empresa Kape Technologies, uma entidade sediada em Israel, por mais de 936 milhões de dólares. Deste negócio, cerca de 237 milhões de dólares serão distribuídos como ações para os cofundadores da plataforma de VPN, Dan Pomerantz e Peter Burchhardt.
De acordo com os mesmos, a plataforma vai continuar a operar de forma independente, apresar da aquisição. No entanto, este processo tem vindo a levantar algumas questões importantes.
Em causa encontra-se o passado da empresa Kape Technologies, e algumas das práticas da mesma, que levantaram imediatamente suspeitas junto de alguns utilizadores.
De acordo com a investigação feita por vários utilizadores no Reddit, a Kape Technologies foi originalmente criada sobre o nome de “Crossrider” em 2011, dedicando-se ao desenvolvimento de software focado em publicidade. A alteração do nome da empresa aconteceu em 2018.
Muito do software desenvolvido por esta entidade é conhecido por ser “adware”, e por ter potencial impacto a nível da privacidade dos utilizadores e da recolha de dados para efeitos de publicidade. Isto levanta de imediato várias questões sobre a privacidade dos utilizadores da ExpressVPN, que agora irá ficar diretamente ligado a uma empresa conhecida por estas práticas.
No entanto, as questão não terminam aqui. Ao que parece, o primeiro CEO da Crossrider, Koby Menachemi, é uma personalidade conhecida por trabalhar na “Unit 8200”, uma unidade com ligações ao governo de Israel e a diversos entidades de vigilância, no que é considerado como a “NSA de Israel”. Teddy Sagi, um dos investidores da empresa original, foi também uma das pessoas mencionadas nos “Papeis do Panamá”, documentos revelados em 2016.
É importante referir que a ExpressVPN é uma empresa que se tinha vindo a focar consideravelmente na privacidade dos utilizadores, ao ponto de mesmo sobre pressões de tribunais, a empresa manteve-se firme sobre a privacidade dos dados dos seus clientes. No entanto, esta confiança parece ter sido perdida para muitos com esta aquisição.
É importante notar que esta não é a primeira entidade VPN que a Kape Technologies adquiriu recentemente. Na verdade, a entidade parece focada em adquiri várias plataformas de VPN no mercado, sendo que no passado foi também a compradora da empresa Private Internet Access (PIA), GhostVPN, Zenmate e Webselenese.
Apesar de a entidade afirmar que estas aquisições pretendem reforçar o impacto da empresa no mercado da segurança digital e privacidade online, ao mesmo tempo a confiança de muitos utilizadores foi drasticamente alterada após o anúncio da compra, tendo em conta todas as descobertas feitas sobre a entidade e passado da mesma.