Meta encerra suporte do CrowdTangle porque não era conveniente para a rede social

Meta encerra suporte do CrowdTangle porque não era conveniente para a rede social

Tal como estava agendado, chega hoje ao fim o suporte da ferramenta CrowdTangle da Meta, que permitia a investigadores usarem dados internos da empresa para realizarem estudos e outras avaliações da plataforma social.

O CrowdTangle foi, durante anos, usado como uma forma de jornalistas, investigadores e outros grupos científicos terem acesso a dados de como as publicações eram partilhadas nas redes sociais da Meta, e mais concretamente como as falsas informações se propagavam pela rede social.

Para uma empresa conhecida por não partilhar muitas informações sobre os seus sistemas, o CrowdTangle fornecia dados que muitos consideram insubstituíveis sobre as publicações e o funcionamento das redes sociais da Meta. Ainda mais tendo em conta que esta ferramenta era disponibilizada diretamente pela Meta sem qualquer custo, com foco na transparência da plataforma.

Durante os anos em que esteve disponível, o CrowdTangle foi uma ferramenta importante para analisar vários aspetos de como a informação flui dentro das redes sociais, e foi usado para várias investigações e estudos. No entanto, a ferramenta da Meta foi também usada para avaliar a própria plataforma e empresa, o que certamente não agradou à mesma.

Vários estudos foram realizados usando a informação do CrowdTangle para avaliar como a Meta estaria a combater o spam na sua plataforma, e conteúdos enganadores ou fake news.

A narrativa começou a mudar em 2020. Foi nessa altura que um repórter do New York Times criou um bot automatizado no Twitter chamado “Facebook Top Ten”. Utilizava dados do CrowdTangle para partilhar as principais páginas do Facebook com base no envolvimento.

Na altura, figuras de direita e agências noticiosas como Dan Bongino, Fox News e Ben Shapiro dominavam regularmente as listas. A conta do Twitter, que acumulou dezenas de milhares de seguidores, foi frequentemente citada no debate sobre se os algoritmos do Facebook exacerbavam a polarização política nos Estados Unidos.

No entanto, em resposta, a Meta sempre indicou que existiam falhas no estudo, e que os dados usados não estariam inteiramente corretos.

Pouco depois disso, a Meta viria a confirmar que iria encerrar o suporte do CrowdTangle, deixando os investigadores sem forma de usar os dados da plataforma. Embora a empresa tenha criado o “Meta Content Library”, que permite realizar ações similares, este sistema é agora muito mais controlado e limitado do que o existente no CrowdTangle.

Recentemente a Meta veio confirmar que o CrowdTangle não tinha sido criado com foco em investigações ou para ser usado por jornalistas, e que o seu propósito dentro da empresa era inteiramente diferente.