Novas revelações apontam que Facebook mantêm e lucra com conteúdo de ódio
Recentemente foram revelados vários segredos internos do Facebook, no que é um dos maiores golpes contra a rede social. As descobertas surgem apenas alguns dias depois de ter sido revelado que a rede social sabia de estudos que apontavam o impacto do Instagram na saúde mental de menores, sobretudo de raparigas.
No entanto, mais informações foram agora descobertas devido às declarações reveladas por uma ex-funcionaria de topo na rede social. Frances Haugen é a responsável pelas recentes declarações contra o Facebook, apontando algumas das práticas internas da empresa que, segundo a mesma, deveriam preocupar os utilizadores da rede social.
Numa entrevista para o programa “60 minutes”, Frances Haugen – que trabalhou como diretora de produtos no Facebook desde 2019 – deixou alguns detalhes importantes sobre como o Facebook trata muito do seu conteúdo e o interesse do mesmo para com os utilizadores.
Haugen afirma que o Facebook encontra-se a priorizar os seus lucros invés da segurança dos utilizadores da plataforma, indo mais longe ao ponto de referir que os lucros da empresa são tidos em conta exatamente com a falta de segurança para os utilizadores.
Além disso, Haugen afirma que o Facebook coloca em prioridade a interação dos utilizadores nos conteúdos, quer estes seja bons ou não. Conteúdos de desinformação podem ser permitidos dentro da plataforma, desde que tenham boa interação com os utilizadores, tudo com o objetivo de manter os utilizadores mais tempo dentro da rede social – e claro, a aumentar os lucros da mesma.
Conteúdo de ódio e que seja controverso é muitas vezes mantido pela rede social visto que é também um dos que gera mais interação por parte dos utilizadores. Haugen afirma que, durante o período de tempo que esteve a trabalhar no Facebook, viu várias situações sobre um conflito de interesses do que é bom para o público e bom para o Facebook, sendo que quase sempre a rede social foca-se no que é bom para os seus próprios propósitos.
De notar que Haugen preparou um conjunto de documentos que comprovam estas práticas, tendo facultado os mesmos às autoridades para que sejam aplicadas medidas com vista na lei.
O algoritmo é também um dos culpados por esta divulgação de conteúdos, já que desde 2018 que o Facebook começou a realizar grandes mudanças na forma como os seus algoritmos funcionam – e muitos dos conteúdos agora disponíveis são com base nessas alterações. As descobertas da rede social seria que, caso o algoritmo fosse modificado para que os conteúdos fossem mais seguros para os utilizadores, as pessoas também passariam menos tempo no Facebook.
Em contrapartida, fornecer conteúdos que fomentem a discussão ou tenham bastante interatividade ajuda a rede social a manter os utilizadores na mesma, e consequentemente, alarga as receitas para esta.