Canadá pretende criar lei para criar recomendações de vídeos “locais”
O governo do Canadá encontra-se a avaliar a criação de novas regras que podem alterar consideravelmente a forma como plataformas de vídeos e streaming fornecem recomendações de conteúdos para os utilizadores.
O governo de Justin Trudeau encontra-se a avaliar uma nova legislação para o Canadá, que afeta todas as plataformas de streaming de vídeo online com recomendações. Esta nova lei pretende criar regras específicas para a forma como os conteúdos são recomendados para os utilizadores, favorecendo em primeiro lugar os conteúdos que sejam criados de forma local.
Ou seja, a lei pretende que os sistemas de recomendação das plataformas de vídeo online comecem por fornecer recomendações para conteúdos criados no Canadá, antes de passarem para outros mais “globais”. Isto iria deixar também de lado a recomendação com base nas preferências de cada utilizador.
A lei pretende focar-se em plataformas de streaming, e não propriamente em plataformas que tenham conteúdos gerados pelos utilizadores. Ou seja, sites como o Netflix, HBO e Disney+ poderiam ter de alterar o seu sistema de recomendações, mas o YouTube não – tendo em conta que se trata de uma plataforma com partilha de conteúdos pelos próprios utilizadores.
No entanto, mesmo que a ideia da lei seja focada para plataformas de streaming, o próprio YouTube considera que a mesma necessita de ser revista consideravelmente. Segundo a plataforma, os conteúdos da lei atual ainda não são claros, e podem ter impacto também para os criadores de conteúdos que fazem uso de plataformas como o YouTube para partilharem os seus vídeos.
Vários partidos no Canadá apontam que esta nova lei terá sido criada como forma de prejudicar os criadores de conteúdos digitais no pais, dando mais visibilidade para os artistas tradicionais e noutras plataformas. Basicamente, a ideia passaria por forçar as plataformas a recomendarem conteúdos “Made in Canada”, invés de uma recomendação geral.
Segundo os dados mais recentes, datados de 2020, cerca de 90% dos conteúdos de vídeos acedidos no Canadá eram de criadores no estrangeiro. Portanto a medida pode também afetar a capacidade dos utilizadores no pais terem acesso a algumas recomendações que seriam dos seus interesses.