Criptomoedas em colapso: o que se passa com a LUNA e TerraUSD
Se tem estado atento ao mercado das criptomoedas, possivelmente deve ter visto que os valores estão em plena queda. Apesar de variações do mercado das criptomoedas serem normais, nos últimos dias algumas alterações drásticas têm vindo a ocorrer, que estão a causar um verdadeiro colapso de valores para praticamente todas as criptomoedas.
Algumas das principais criptomoedas perderam já mais de 50% do seu valor de pico apenas em alguns dias, e a tendência parece ser continuar para queda. O Bitcoin chegou mesmo a atingir valores abaixo dos 25.000 dólares por unidade, e apesar de ter recuperado, ainda se encontra abaixo dos seus picos.
Obviamente, isto afeta também outras criptomoedas no mercado, como a Ethereum, BAT, Solana, XRP, entre outras.
Para se ter uma ideia, estes são os valores que, atualmente, cada criptomoeda já perdeu desde os seus picos máximos:
- Ethereum $ETH: -59%
- Bitcoin $BTC: -60%
- Tron $TRX: -62%
- Binance $BNB: -63%
- Polygon $MATIC: -80%
- Avalanche $AVAX: -82%
- XRP $XRP: -82%
- Solana $SOL: -84%
- Litecoin $LTC: -85%
- Cardano $ADA: -85%
- Polkadot $DOT: -85%
- Shiba Inu $SHIB: -85%
- Doge $DOGE: -90%
- Terra $LUNA: -99%
Existem muitas situações que podem estar a contribuir para esta queda, mas sem dúvida que uma das mais expressivas encontra-se derivado com a stablecoin TerraUSD e LUNA, que são propriedade da mesma entidade.
A queda em espiral das criptomoedas começou a ser verificada na mesma altura em que a stablecoin conhecida como TerraUSD (ou apenas UST) deixou de se encontrar a par com o dólar. Para quem não sabe, as stablecoins são criptomoedas que foram criadas especificamente para evitarem as flutuações do mercado, tendo valores aproximados do dólar real. Ou seja, uma unidade das stablecoins deve ter o mesmo valor que a cotação do dólar – ou próximo disso.
No entanto, dentro do mercado das stablecoins, existem diferentes subcategorias. Existem as stablecoins consideradas 1:1, que, teoricamente, devem manter a paridade entre o valor de moedas existentes na blockchain com o existente em valores fiat corrente (dólar).
Existem também as stablecoins descentralizadas ou algorítmicas, que basicamente, invés de usarem como financiamento dinheiro real (fiat), usam outros tokens de diferentes criptomoedas, como o Bitcoin e Ethereum, para valorização.
A diferença entre as duas encontra-se no facto que a stablecoin 1:1 encontra-se centralizada, ou seja, ainda necessita de manter o seu valor com dinheiro real no mercado, em bancos e afins. Já as stablecoins algorítmicas usam outros tokens no mercado para o mesmo fim, e portanto, estão sujeitas às mudanças das mesmas.
Muitos investidores consideram que as stablecoins algorítmicas são um fracasso garantido, sendo que o mercado viu dezenas destas a serem terminadas por casos similares aos que se encontram agora a ocorrer. A diferença é que nenhum dos tokens teve tanta popularidade como a TerraUSD, que se encontra no top 10 das criptomoedas mais usadas no mercado.
Para muitos, o termo stablecoin refere que as mesmas devem ser “estáveis”, mas isso nem sempre acontece, e o exemplo da TerraUSD é claro. Tendo em conta as quedas no mercado, e também uma saída em massa dos investidores no token, a mesma caiu drasticamente de valor para menos de 0.20 dólares – ou seja, caindo para valores abaixo do dólar, algo que uma stablecoin não se espera que realize.
O seu criador, Do Kwn, afirmou que poderia ter mesmo de sacrificar outro token usado pela mesma entidade, o LUNA, para manter a stablecoin a salvo.
Obviamente, esta medida fez com que o valor da LUNA também caísse a pique, tendo passado de picos de 120 dólares por unidade para menos de 1 dólar – ou seja, quedas de valor em torno de 99%.
Isto tem vindo a piorar consideravelmente, conforme também os restantes mercados das criptomoedas têm vindo a cair a pique derivado das próprias flutuações. Mas sem dúvida que a instabilidade da TerraUSD está a causar variações alargadas nos restantes tokens, e a incerteza de investidores.
Por um lado, existem investidores que parecem focados em aproveitar esta queda para comprarem mais criptomoedas LUNA e TerraUSD, com esperanças que a mesma recupere. Por outro, existe quem esteja a querer sair das mesmas, tendo já perdido milhões no processo.
Neste ponto, tendo em conta o histórico de praticamente todas as criptomoedas stablecoins algorítmicas, é bastante plausível que a TerraUSD venha a sofrer um colapso – com muitos investidores a apontarem que tal era inevitável para uma stablecoin deste género.
A grande diferença está exatamente no tamanho: a TerraUSD está no topo das criptomoedas mais usadas, e como tal as perdas são consideravelmente mais avultadas para quem tenha investido na mesma.